segunda-feira, 16 de agosto de 2010

história dos sentimentos

os sentimentos humanos certo dia se reuniram para brincar.
depois que o tédio bocejou tres vezes porque a indecisão não chegava a conclusão nenhuma e a
deconfiança estava tomando conta, a loucura propôs que brincassem de esconde-esconde
a curiosidade quis saber todos os detalhes do jogo, e a intriga começou a cochichar com os outros
que certamente alguém ali iria trapacear.
o entusiasmo saltou de contentamento e convenceu a dúvida e a apatia, ainda sentadas num canto,
a entrarem no jogo. a verdade achou que isso de esconder não estava com nada, a arrogância fez
cara de desdém pois a idéia não tinha cido dela, eo o medo prefiriu não se arriscar: "ah, gente, vamos deixar tudo como esta,"
e como sempre perdeu a oportunidade de ser feliz.
aprimeira a se esconder foi a preguiça, deixando-se cair no chão atrás de uma pedra, ali mesmo a onde estava.
o otimismo escondeu-se no arco-íris, e a inveja se ocultou junto com a hipocrisia, que sorrindo fingidamente atrás de uma árvore estava
odiando tudo aquilo.
 a generosidade quase não conseguia se esconder porque era grande e ainda queria abrigar meio mundo,
a culpa ficou paralisada pois já estava mais do que escondida em si mesma, a sensualidade se estendeu ao sol
num lugar bonito e secreto para saborear o que a vida lhe oferecia, porque não era nem boba nem fingida,
o esgoismo achou um lugar perfeito onde não cabia ninguem mais.
a mentira disse para a inocência que ia se esconder no fundo do oceano, onde a inocente acabou afogada,
a paixão meteu-se na cratera de um vulcão ativo,
e o esquecimento já nem sabia o que estava fazendo ali.
depois de contar até 99 a loucura começou a procurar.
achou um, achou outro, mas ao se mexer num arbusto espesso ouviu um gemido: era o amor, com os olhos furados pelos espinhos.
a loucura o tomou pelo braço e seguiu com ele, espalhando beleza pelo mundo. desde então o amor é cego e a loucura o acompanha.
juntos fazem a vida valer a pena - mas isso não é coisa para medrosos nem para apáticos, que perdem a felicidade no matagal dos preconceitos,
onde rosnam os deuses melancólicos da acomodação. lya luft

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